domingo, 22 de março de 2009

O ioga e a consciência testemunha em Bacantes


NAMASTÊ!
Segue a matéria que saiu no blog do Teatro Oficina sobre nossas práticas de yoga no teatro , minhas aulas e algumas impressões....

20 de março de 2009
por Bruno Castro -

Anna Guilherma, que viverá Semelle em Bacantes, chega ao Teat(r)o pontualmente às 17h para o início dos ensaios. “Agora não dá pra fotografar, não. Preciso fazer um pouco de ioga pra dar uma relaxada”, responde docemente após o convite para uma foto de divulgação da peça. E no Oficina é assim mesmo, o ioga é quase que sagrado.

“A prática melhora nossas atividades teatrais, integra as pessoas e nos dá maior poder de concentração”, diz a atriz Patrícia Winceski, professora de ioga desde 2003. E continua: “Ele faz com que a gente jogue fora tudo que atrapalhe nossa potencialidade”.
Para Lucas Weglinski, Ampellos em Bacantes, os exercícios antes dos ensaios permitem que os atores atinjam “um grau de concentração criativa que conecta todos para iniciar o rito, seja ele qual for”. Já Cassandra Melo, que faz câmera e coro na peça, é mais enfática. “O ioga é uma maneira de exercício para o corpo e nos ajuda a desenvolver os movimentos”.
Em “Os Sertões”, a prática já era comum no Oficina. “Lembro que a Luciana Brites começou, depois a Juliane Elting deu continuidade e hoje é a Patrícia que leva”, conta Naomi Sholling, atriz e cantora lírica do grupo. Ela, que dará vida a Hino em Bacantes, diz que atualmente o ioga é feito de forma pessoal. “Mas eu prefiro quando nós fazemos juntos, pois acho que melhora no entrosamento da equipe, nós ficamos mais conectados”.
<“Realmente ficam”, garante a professora Winceski. “Com a prática, nós unimos nosso Deus interior, nossa essência individual, o Atman, com o Deus universal, o Paramatman”, explica. “A consciência testemunha é o ator e o espectador ao mesmo tempo que contemplam o personagem e o espetáculo . Assim, o yoga nos ensina a nos desprendermos de nossos papéis, dando-nos a liberdade de brincar com eles, usando qualquer máscara, sem nos identificarmos com elas. O teatro então como a vida, torna-se uma gostosa brincadeira divina.

E a brincadeira divina, ou Leela para iniciados, encontra em Bacantes um lugar seguro. “O próprio Dionysios faz o jogo, traz a concepção do ioga dentro de si, porém, ele busca que todos aceitem a sua divindade interior”, afirma Winceski. “Bacantes é a celebração do Leela, do Deus da alegria, do entusiasmo. E a alegria nada mais é que a prova da existência divina em nós”, empolga-se a professora.
O auxílio para a percepção e fluência dos personagens é uma das benfeitorias que outros atores destacam. Além disso, ressaltam também a maior facilidade para uma troca da consciência, de acordo com Weglinski, “mecânica e mental, por uma espécie de inconsciência ativa e transformadora”.
Variando de acordo com a disposição dos atores, a duração diária vai de trinta minutos a uma hora. “Em Bacantes, que trabalha o transe, o ioga é essencial pra despir armaduras e máscaras e chegar ao corpo mágico com toda a sua potência”, finaliza Lucas Wenglinski.

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